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Caminho de Santiago de Compostela

O desejo de fazer o Caminho surgiu há muito tempo, quando eu ainda era uma adolescente e havia lido “O diário de um mago” do Paulo Coelho. Foi um lampejo de curiosidade que veio e ficou guardado em algum lugar...

Muitos, mas muitos anos mais tarde, esse desejo voltou com um insight numa terça-feira descompromissada de janeiro de 2007, numa happy hour com duas grandes amigas num bar em Botafogo – Rio de Janeiro. Trocávamos planos do que fazer no Carnaval, nas férias e eis que uma delas diz que havia pensado em uma viagem diferente.

Falou que tinha pensado em fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Nesse momento, uma luz se acendeu dentro de mim e eu resgatei um desejo adormecido há muito tempo, mas que estava latente, como eu vim a perceber depois. Conversamos rapidamente sobre essa ideia e eu falei que poderia ser bem interessante.

Fato é que eu não conseguia mais parar de pensar no assunto e quando fomos embora eu comentei com ela que poderia ser uma boa ideia se tentássemos fazer o Caminho juntas. Ela, talvez já imbuída da vibração de quem se envolve com o Caminho, me disse que se fosse para acontecer, nossos caminhos se cruzariam. Sei lá, eu meio que entendi que ela gostaria de ir sozinha.

Cheguei em casa e comecei a fuçar a internet atrás de sites, notícias, informações, livros e mergulhei no assunto. Não consegui pensar em mais nada por vários dias. Qualquer tempo livre que tinha, estava às voltas com o assunto e em 15 dias, estava com passagem comprada, renovando passaporte e comprando bicicleta; sim, porque eu fiquei com medo de não dar conta da empreitada no tempo que eu dispunha, que seriam 30 dias, e achei que era melhor garantir indo de bicicleta.

Marquei minha viagem para o dia 27/abril e até lá me cerquei de diversos livros sobre o assunto e quanto mais eu lia, mais eu me encantava com o Caminho e não via a hora da data chegar. Tive que trabalhar minha cabeça de que seria uma viagem um tanto solitária, já que eu caminharia, almoçaria, dormiria nos albergues totalmente sozinha e claro que bateu uma certa angústia, pois seria a minha primeira grande viagem completamente sozinha. Todas as outras haviam sido mais curtas ou acompanhadas.

Enfim, esse era mais um item que eu estava trabalhando na minha cabeça, além, é claro, de outros como o desapego em termos de roupa, sapato e outros aparatos femininos. Já estava informada que o ideal é que a nossa mochila tivesse 10% do nosso peso e eu ficava imaginando como levar tudo o que eu ia precisar em apenas 6 kg. Sempre lembrando que eu ficaria 30 dias viajando.

Sempre fui uma mulher muito prática, mas confesso que fiquei tensa achando que alguma coisa, com certeza, faltaria nessa magra mochila.

Fato é, que 3 meses depois da nossa conversa naquele bar em Botafogo, minha mochila, com exatos 6 kg, estava pronta e eu completamente envolvida e excitada com a viagem.

Saí do Rio de Janeiro rumo à Madrid onde pegaria uma conexão para Pamplona.

Me preparei muito fisicamente, pois não queria correr o risco de não conseguir cumprir o cronograma e nesse meio tempo, nos 3 meses de preparação, que contaram com academia 5 vezes na semana e aos finais de semana 40 km de bicicleta no sábado e 40 no domingo, vivi um caso de sincronicidade como costuma acontecer em filmes.

Como parte da preparação e do conhecimento, comecei a frequentar as reuniões dos Amigos do Caminho na Casa de Espanha, aonde os peregrinos davam depoimentos, ajudavam os aspirantes e você já se via envolvida com toda a história dessa viagem tão especial.

Numa dessas reuniões preenchi uma listagem dizendo nome, e-mail, data da partida do Brasil e cidade aonde começaria o caminho e um dia estou no trabalho e meu telefone toca. Era uma pessoa perguntando se eu ia sair determinado dia, do Rio para Pamplona. Perguntei quem era, afinal só os meus amigos sabiam dos meus planos. A pessoa disse para eu não ter medo, que tinha visto meu nome numa listagem e tinha reconhecido o e-mail do trabalho.

Resumindo, ele trabalhava na mesma empresa que eu e sairia de São Paulo no mesmo dia e iria para Pamplona para começar o Caminho. Rimos da absurda coincidência e como ficávamos em cidades diferentes, não nos conhecíamos. Combinamos de nos encontrar em Pamplona e dividirmos o valor do táxi até Roncesvalles, de onde ambos partiríamos.

Assim começava minha grande experiência do Caminho de Santiago de Compostela

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