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Puente la Reina – Estella (21,5 km)

O caminho foi um pouco mais fácil, com alguns trechos de pedras, ladeiras e escadas aonde tive que empurrar a bicicleta. Cruzei com o médico e o canadense que me ajudaram no 1º dia quando eu caí e mais uma vez eles foram muito simpáticos. Um espanhol me ajudou a empurrar a bike no finalzinho de um morro e lá em cima ele disse que era muito pesado. Eu pensei: E eu não sei disso?

Chegando em Estella, encontrei o Jesus, um espanhol que eu havia conhecido em Zubiri e ao ver o meu olho roxo por causa do tombo, se ofereceu para fazer “energia universal”, uma espécie de Reike para melhorar.

São essas atitudes que nos comovem, porque embora sejam simples, não são comuns no nosso dia a dia. As pessoas se preocupam verdadeiramente umas com as outras. Elas se ajudam, se importam e isso é muito bonito.

Não havia dito que meu olho inchou e ficou completamente roxo, pois o hematoma da cabeça “desceu” para o olho. Não fiquei exatamente bonitinha com esse visual, mas no Caminho isso conta pouco e confesso que nem me importava com o fato de estar com o olho inchado e roxo. A gente passa a relativizar bastante certas coisas e isso nos dá uma leveza muito grande.

Cheguei ao primeiro albergue e o hospitaleiro me disse que ciclistas não poderiam ficar e que eu teria que ir para o segundo albergue que ficava a 1 ½ km de distância.

Resolvi esperar os meninos para não nos desencontrarmos e eles gentilmente toparam andar mais um pouco para podermos ficar todos juntos.

Chegando ao local, depois de subir uma ladeira imensa e completamente extenuados, encontramos um albergue que era na verdade um ginásio esportivo, bem grande, com muitas camas, banheiros separados e água quente.

Já havíamos experimentado banheiros mistos e isso é muito desagradável. A gente acostuma, é verdade, mas perdemos totalmente a privacidade. E esse tipo de conforto é bom, porque já caminhamos juntos o dia todo, dormimos juntos nos quartos mistos, almoçamos juntos, então em algum momento ter um pouco de individualidade e mais ainda, privacidade, é bom.

Rodamos bastante pela cidade, retornamos ao primeiro albergue e vimos pelo registro, que os catalães e o Fernando estavam lá, mas não os encontramos.

Fomos a uma espécie de central telefônica ligar para as nossas famílias, fomos comprar algumas meias e eu comprei uma palmilha para o tênis, que estava acabando com o meu pé.

Ficamos rodando, conhecendo a cidade e tirando fotos.

Voltando ao albergue, conhecemos um ciclista brasileiro que chegou dizendo que já havia ouvido falar de mim pelo caminho.

Eu era a ciclista que pedalava com uma mochila nas costas. É que normalmente os ciclistas andam com a bagagem nos alforjes e isso prova mais uma vez que eu não era uma ciclista. Era uma peregrina ciclista com alma andarilha. Essa diferença estava me tornando conhecida pelo caminho.

O nome dele era Sérgio e conversamos bastante. Nunca vi ninguém tão preparado e equipado para o caminho. O Zé brincava dizendo que ele era todo equipado e que eu tinha ganhado minha bicicleta numa rifa.

Ele tinha barômetro, altímetro, GPS e mapas em papel. Tudo absolutamente estudado e estruturado. Confesso que cheguei a pensar que ele não havia deixado nenhum espaço para surpresas e acho que elas são a graça e o tempero da viagem.

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