Hospital de Órbigo – Rabanal del Camino (38,5 km)
Hoje tomamos café da manhã no albergue. Foi um dia um pouco mais puxado. Teve alguns trechos com muitas pedras em que eu tive que carregar a bike, mas nada tão difícil, quanto já havia enfrentado.

Além de mais puxado, estava muito quente, com um sol causticante. Em determinado ponto do caminho, andávamos pela carretera e o asfalto grudava no pneu da bicicleta, pois estava derretido por causa do calor. Não é nada fácil andar horas embaixo do sol inclemente e carregando peso.




É sempre uma odisseia a ser vencida, mas confesso que quando termina, só fica o gostinho de termos vencido mais uma etapa.
Fiquei preocupada com o Valério que tinha passado mal pela manhã e depois de esperá-lo por mais de 1 hora em Santa Catalina de Somoza, cheguei a voltar um pedaço para procurá-lo. Havíamos nos cruzado em Astorga e eu ofereci a bike, mas ele não aceitou.





Aliás, fiquei muito feliz de conhecer o Museu dos Caminhos, desenhado por Gaudí. Me lembrei das muitas vezes em que eu via as fotos na internet, nos livros e ficava sonhando com o dia em que iria conhecê-lo. Agora estava ali, bem em frente àquela maravilha da arquitetura, emoldurada por um lindo céu azul.


Cheguei bem antes que os meninos ao nosso destino, mas nesse albergue não aceitavam ciclistas. O hospitaleiro disse que eu teria que esperar até determinado horário e se ainda houvesse vaga, poderia entrar.


No final deu tudo certo e eu acabei entrando no albergue antes até que os meninos. Nessas horas é muito bom ser mulher. O hospitaleiro ficou com pena de mim e como eu estava lá fora esperando por quase 1 ½ hora, ele sugeriu que eu entrasse e escondesse a bicicleta. Aliás, me ajudou a esconder a bike.
Isso às vezes acontece. Alguns albergues não aceitam ciclistas e outros dizem que só podemos entrar quase próximo do horário de término de entrada de peregrinos, pois a prioridade é para quem está a pé.
O que é muito compreensivo, pois se não houver vaga em algum albergue, é mais fácil para um ciclista seguir caminho do que um peregrino a pé.

Mais um detalhe pitoresco do caminho: o Geraldo, um argentino que eu conheci enquanto esperava os meninos, pediu para fazer fotos minhas enquanto eu depilava as pernas no banheiro.
Tirou várias fotos e por incrível que pareça, ficaram bem legais. Ele está fazendo um livro de fotografias do Caminho e queria mostrar a falta de privacidade que vivemos nesse período, como fazemos coisas na frente de todos, que só faríamos sozinhos.
O Marcus, o mineiro de BH entrou de vez na turma. Ontem jantou conosco e hoje novamente, além de termos iniciado juntos a caminhada pela manhã em Hospital de Órbigo.
