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1º dia

Resolvi dar um tempo nas narrativas européias, pois no final de semana do feriado de 7 de setembro fiz uma travessia que já estava nos planos há muito tempo. Por diversos motivos eu acabava adiando, mas resolvi concretizá-la até como forma de despedida do Rio de Janeiro, já que devo me mudar muito em breve.

Enfim, tenho que dizer antes de começar as narrativas, que o processo de convencimento do namorado para me acompanhar, foi semelhante a um trabalho de parto muito doloroso, longo e que finaliza com fórceps, ou seja, foi muito, muito difícil.

Tudo bem, eu sei que não é, nem de longe, o estilo dele, mas a partir do momento em que concordou, podia ter facilitado a tarefa, mas isso, definitivamente, não faz parte do script dele. Em meio a mais uma negativa no horário do embarque por não concordância com uma regra realmente chata de dividirmos a barraca com mais uma pessoa, acabamos embarcando às 6h. saindo do Rio rumo à Petrópolis.

Essa travessia é considerada pesada pelos trilheiros e é uma das mais conhecidas no cenário nacional. Saímos do nível do mar para mais ou menos 2.500 metros na parte mais alta do Parque.

Partimos da sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos por volta de 9h. depois de um bem-vindo alongamento debaixo de um sol gostoso e na companhia de mais 7 trilheiros e 3 guias com os quais ficaríamos os próximos 3 dias. A trilha tem 36 km que dividimos mais ou menos em 11 km no primeiro dia, 12 no segundo e 13 no terceiro.

A travessia passa por um parque muito bonito com direito a belas montanhas, um vale que se distancia com a subida do morro, campos de altitude, cachoeiras, que infelizmente devido à estiagem, estavam praticamente secas e compreende muita subida pesada, bastante íngremes, dois lances de escalada com direito a boldrié e corda e costões lindos de pedras.

Caminhamos muitas vezes em meio às nuvens que cobriam grande parte das montanhas e faziam do cenário uma espécie de sonho. Em alguns momentos elas se assemelhavam ao mar e envolviam as formações rochosas lindamente.

Concluir essa travessia não foi tarefa fácil e o corpo sentiu cada uma das muitas subidas e descidas com a mochila pesando nas costas. Atravessamos mais ou menos 8 vales de grande desnível, compensados por uma vista privilegiada da natureza.

No primeiro dia, que é bastante pesado e ainda estamos nos acostumando com a mochila e a caminhada, além de tentar encontrar um equilíbrio entre os diferentes participantes do grupo, passamos pela Gruta do Presidente, Cachoeira Véu da Noiva e seguimos rumo ao Mirante da Pedra do Queijo que nos brinda com uma bonita visão do Vale do Bonfim. Seguimos a caminhada e almoçamos singelamente no Ajax, depois continuamos subindo a Isabeloca, que é uma subida para fortes, enfrentamos uma longa caminhada pelo capim-de-anta que muitas vezes quase nos cobria e depois de longas 8h30min. chegamos ao local do nosso primeiro acampamento: os Castelos do Açu.

A noite caiu rapidamente e em questão de minutos estávamos no mais completo breu, chegando ao acampamento. Fomos para a nossa barraca, já munidos de lanterna e agraciados por um céu lindo, coalhado de estrelas e muito claro. Aquele tipo de espetáculo que não se vê nem na mais limpa das grandes metrópoles.

Nessa noite ventava muito e a barraca parecia que ia se soltar e voar a qualquer momento. Ficamos dentro da barraca e tomamos uma sopinha dos deuses oferecida pelos guias.

Resumo do dia: chegamos bastante cansados, alguns com dores lombares, muita sede, já que as nascentes estavam praticamente secas e viemos economizando água, apesar do desgaste bastante grande. Nada que uma boa noite de sono dentro de um reconfortante saco de dormir não resolva.

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