Lobuche / Pheriche
Levantei às 8h, depois de uma noite agitadíssima com sonhos psicodélicos. É estranho, mas tenho tido sonhos esquisitíssimos, onde tudo se mistura, onde tem momentos que não sei se é realidade ou não, onde junta gente que não tem nenhuma relação, numa velocidade estonteante. Normalmente não me lembro dos meus sonhos, mas tenho tido noites agitadíssimas no Himalaia.
Enfim, levantei me sentindo mais forte e fui ao banheiro. Chegando lá ele estava ocupado e mais uma vez percebi que não estava tão bem como havia imaginado, pois não controlei meus esfíncteres. Era assim que me encontrava.
A Tainah e o Tobias estavam ao meu lado e perguntaram se eu estava bem, mas eu nem conseguia responder. Estava me sentindo péssima. Entrei no banheiro e tinha vontade de jogar tudo no lixo, de tão mal que eu estava. E para quem nunca passou por isso, passar nessas condições, acaba com o seu moral.
Fui para o quarto e comecei a me limpar e a me arrumar naquele passo de cágado manco e não conseguia acelerar. Quem me conhece sabe que agilidade é uma das minhas características mais fortes.
Fui para o café da manhã, mas estava chateada. Saímos às 9h30 para a caminhada e fui indo com o grupo, sem vontade. O Santalena havia dito que eu e a Karin iríamos mais atrás, mas que se uma das duas desistisse em determinado ponto, as duas teriam que retornar, pois não havia como colocar outro sherpa para acompanhar a outra pessoa.
No primeiro ponto de descanso falei com o Carlos que não ia conseguir, pois ele já havia dito que seria um trajeto difícil e que em determinado ponto, não teria como voltar.
Ele então decidiu mandar o Maddep como meu guia e um sherpa com a minha bagagem para Pheriche, onde eu encontraria o Canellas, o Joel e o Márcio e que deveria esperá-lo até o dia seguinte.
Vim seguindo o Maddep, mas me sentindo tão exausta, que a todo momento parava para descansar. Tudo o que eu queria era chegar e poder parar. Estava exausta, com frio e sem fôlego.
Cheguei por volta das 14h e o Joel e o Canellas me receberam super fofos. Fiquei um tempo tentando me estabilizar no refeitório e o Canellas pegou minhas coisas e me ajudou a ir até o quarto.
Eu realmente estava triste, afinal, como eu já havia dito, estava lidando o tempo todo com a frustração da viagem, com o meu organismo que não reagia da maneira como eu gostaria, com a revisão de vários planejamentos futuros em função da falta de ar, etc.
Fiquei um tempo deitada na cama, olhando a montanha que se via da minha janela lá fora e pensando em todas essas questões, quando resolvi levantar e aproveitar a companhia deles, que era muito boa e me fazia bem.
Ficamos horas no refeitório, brincando com o vício do Joel em internet, que não largava o computador, com a tosquice do Canellas em relação à tecnologia e o dia foi passando agradavelmente. A nós se juntou o Márcio.
O lodge era super agradável, com música ambiente o tempo todo no refeitório, quartos bons com camas de casal, banheiros dentro do quarto e banho dentro do lodge.
Jantamos à luz de velas e nos recolhemos às 21h. Os meninos sairão amanhã às 6h e eu não os verei mais nessa viagem, com exceção do Márcio.
