top of page

Arusha - 1

Eu e o Antonio combinamos de acordar às 8h e tomar café. Quando estava me arrumando e ainda com sono, pois como sempre acontece nas primeiras noites de qualquer viagem, perdi o sono de madrugada e fiquei acordada por mais de uma hora pensando, imaginei de porque levantarmos tão cedo se não tínhamos compromisso e que provavelmente as coisas estariam fechadas nesse horário.

Tomamos café e me lembrei da minha estadia nepalesa quando o garçom me ofereceu uma tigela de porridge. Lembrei na hora da Kiki e do Tobias que comiam sempre essa papa insossa. O café era bastante variado e continha pães, 3 tipos de suco, torradas, omelete, salsichas, bacon, cogumelos, vários tipos de bolos e frutas. Foi para compensar o jantar do dia anterior que era um buffet africano e não me agradou em nada aquele monte de carne estranha e alguns pratos que eu não tinha a menor ideia do que eram e não me arrisquei a ter uma infecção intestinal ou algo do tipo. Fiquei no arroz com uma espécie de berinjela mais picante e um pedaço de tilápia.

Após o café, subimos para os quartos e resolvemos dar um tempo para começar a andar pela cidade, pois estava muito cedo. Saímos por volta das 09h30 e pegamos o caminho que a guia Evalyne Otaro havia nos indicado no dia anterior. Estávamos caminhando pela rua do hotel, quando um cara com uma roupa típica começou a conversar comigo e a andar ao nosso lado. Em cinco minutos percebi que ele se auto definiu como nosso guia e não ia nos abandonar. Muito falante, começou a nos ensinar algumas palavras em swahili e me mostrar alguns prédios e contar histórias. Fomos trocar um pouco de dinheiro e ele ficou nos esperando do lado de fora.

Foi nos guiando pelo centro da cidade, que é muito perto do hotel e não tem nada muito interessante e depois foi nos levando para a periferia que é bastante feia e ainda mais pobre. Nos disse que era da etnia masai, se chamava Saitoti, tinha 28 anos e era pintor.

Nos levou ao mercado municipal que é bastante diversificado, dividido por seções: a parte dos temperos e chás, das frutas, dos peixes, das carnes e das coisas para casa. É um lugar interessante, bastante típico, mas também sujo em algumas partes, extremamente apertado, com diversas barracas, muita gente local, nenhum turista e confesso que se não fosse ele, provavelmente não teria ido sozinha. As carnes e peixes são acondicionados sem nenhuma refrigeração.

Gostei da experiência de andar por lugares que não teria ido sem um “local” junto. Depois fomos andando pelo bairro masai, com todos vestidos a caráter, visitamos uma loja que faz joias com tanzanita, a pedra preciosa local e que eu não sabia, existe em outras cores além do azul, tais como rosa, marrom e verde, passamos por alguns templos e igrejas que na verdade não têm a mesma forma que conhecemos com a cruz em cima. Eu nem diria que são igrejas, pois são construções normais, sem nenhum adereço externo, parecendo um edifício como outro qualquer.

Paramos em um restaurante onde só os tanzanianos frequentam, e confesso, não teria coragem de comer nada. Tomei uma coca, Antonio e Saitoti, cerveja e seguimos nosso caminho.

No caminho acabamos encontrando a Evalyne que nos disse que ainda não haviam localizado nossas bagagens, mas que ela continuava insistindo. Fiquei bastante preocupada e diante da minha expressão quase de pânico, ela ligou novamente no aeroporto enquanto estava conosco. Aí então disseram que as malas já haviam sido despachadas de Dar Es Salam e estavam a caminho de Kilimanjaro. Melhor assim e ficamos um pouco mais tranquilos.

Seguindo nosso caminho, passamos em frente ao monumento à liberdade. Subimos em um prédio comercial para tirar uma foto “aérea” daquela parte da cidade e depois ele nos levou ao seu atelier. Dizendo assim, parece um local arrumado, bonito, mas quando chegamos, eu e o Antonio nos assustamos, pois era uma construção muito pobre, com pessoas sentadas nas escadas almoçando, lama na frente e alguns caras do exército ou polícia carregando algumas coisas de dentro da casa. Perguntei o que era aquele lugar e ele disse que era uma casa municipal. Confesso que não entendi até agora o que isso significa.

Ele disse que não nos preocupássemos e entrássemos. Só então entendi que era o atelier dele e de um amigo. O local, que nada mais era do que um cômodo, se chamava Sunset Art Studio e tinha diversas pinturas penduradas nas paredes sujas, 2 mesas com cera e pincéis e os batiki, que são pinturas em tecido, recobertas com cera, que o amigo dele fazia. Gostei bastante das pinturas que retratam cenas do cotidiano e da vida dos masai e sua gente e me interessei por uma em particular, com cores vibrantes, 3 masai de costas, com seus cajados.

Acabei comprando, também como forma de agradecimento ao Saitoti por ter nos guiado durante 4 horas por Arusha, ainda que não tivéssemos pedido e embora fosse caro, achei que valia a pena ter uma recordação dele, que escreveu um recado atrás da tela para mim. Antonio, a princípio não iria comprar, mas acabou ficando constrangido e levou uma também.

Depois ele nos levou a uma espécie de mercado onde se vende toda a sorte de souvenir, como camisetas, pinturas, artesanato, bijouterias, etc. Não comprei nada, mas provavelmente voltaremos com o restante do grupo, pois é um local com bastante opção, embora seja aquela situação chata de todos, absolutamente todos os vendedores praticamente nos puxarem para dentro das barracas, nos mostrarem coisas enquanto andamos. Essa aproximação agressiva para venda não é legal e nos obriga a ficar dizendo não ou apana asante (swahili) o tempo todo.

Saitoti nos acompanhou de volta ao hotel e nos despedimos dizendo que talvez nos encontrássemos no retorno do Kilimanjaro. Sentamos em uma mesa à beira da piscina e tomamos uma coca e cerveja e ficamos conversando um tempão.

Resolvemos não almoçar e esperar pelo grupo à noite, inclusive para não corrermos o risco de comer em algum lugar suspeito e passarmos mal. Esperamos a chuva passar e resolvemos ir até o supermercado, pois o Antonio queria comprar cervejas para levar de recordação para o Brasil.

Saímos do hotel e mal andamos 500 m., mais um local começou a andar ao nosso lado e conversar. Havíamos dito antes de sairmos, que não iríamos mais pegar nenhum “guia”, pois já havíamos conhecido praticamente tudo e pago bem pela ajuda. Tentei não conversar muito, mas eles são tão amistosos, sorridentes, vão ao lado conversando, falando inglês e ensinando palavras em swahili, que fica praticamente impossível despachá-los. Nos disse que era guia de montanha e estaria guiando um grupo na segunda-feira. Disse que nós também faríamos a subida para o Kilimanajaro e ele quis saber com qual agência e nos desejou sorte.

Chegamos ao supermercado, entramos e ele ficou do lado de fora nos aguardando. Acabou voltando conosco, sempre conversando muito animadamente, falando sobre o Kilimanjaro e nos despedimos em frente ao hotel.

Fiquei no quarto acessando a internet, checando e-mails, descansando, quando a Evalyne me ligou dizendo que nossas bagagens tinham sido encontradas e estavam sendo trazidas pelo Carlos Santalena e o restante do grupo, que acabou chegando mais cedo do que o imaginado anteriormente.

Eu e o Antonio descemos para o saguão para aguardar o grupo, que chegou por volta das 20h20. Chegaram o Ilan, Felipe, Lucas, Joel, Carlos, Gian, o Alexandre e o Felber. Ficou de chegar ainda hoje a Arlete e amanhã o outro Felipe. Fomos jantar por volta das 21h e o jantar já rendeu boas risadas e descontração. Fui tomar banho, enfim trocar de roupa e aguardar a Arlete que ficaria no quarto comigo.

Combinamos de tomar café da manhã por volta das 09h. no dia seguinte. Por volta das 22h30, a Arlete chegou. Conversamos rapidamente, ela contou um pouco sobre a questão dos voos, do atraso, foi tomar banho e dormimos.

Postagens em Destaque
Postagens Recentes
Siga-me
  • Wix Facebook page
  • LinkedIn Social Icon
  • YouTube Social  Icon

Faça parte da nossa lista de emails

Nunca perca uma atualização

bottom of page