Imperfeitamente humana

Eu olhei pela fechadura e espiei um pedaço seu e gostei desse pedaço que vi, talvez porque seja apenas uma projeção daquilo que sou, daquilo que é meu.

Eu sempre soube, embora seja boa em seguir regras, que existem algumas que eu simplesmente adoro não respeitar. Dizem as más línguas que eu sou rebelde e insubordinada. Vai ver, sou mesmo. Será?

Vim nesse mundo com um reservatório extra de energia, uma força que me impulsiona e que me trai, muitas vezes. Seja paciente, seja estável, equilibrada, dê apoio e aguarde o que é seu. Faltei à aula da paciência, mas tenho alcançado sucesso relativo em vários outros quesitos.

Mas, espera aí, por que estou falando de mim? Já sei que sou uma sobrevivente nata, que me pressiono além do que deveria e que o verbo desistir me causa arrepios....do mal, embora esteja aos poucos, fazendo as pazes e entendendo que abrir mão, nem sempre é desistir, mas escolher pelo que vale a pena batalhar.

Tudo isso acima é só para esconder que na aula do querer, eu tirei nota 10. Quero muito, quero tanto, quero de verdade, quero forte, quero mesmo. Sou aquele ser inocente que brinca de ser grande e plena. Aquela menina gentil e carinhosa que veste a fantasia de durona para não se ferir. Aquela luz que se esconde tão bem atrás da sombra que teima em subir à tona, quanto mais tentamos escondê-la.

Qual a cara da máscara que você usa? Eu conheço um pedaço da minha e grande parte dessa busca é por não precisar esconder aquilo que somos. Mas de verdade, quem somos? Somos aquele que olhamos no espelho ou aquele que desfila pelas redes sociais para preencher nossos pedaços vazios? Será que gostariam de nós se mostrássemos nossos sofrimentos, fraquezas e vontades indizíveis?

Tudo aquilo de que não gostamos em nós, de alguma forma vai encontrar um jeito de se mostrar, por isso, quanto antes aceitarmos nossa eterna dualidade, nossa luz e sombra, nossa coragem e medo, nossa bondade e maldade, mais cedo poderemos ser unos, íntegros, lindos e imperfeitamente humanos.