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Villafranca del Bierzo – El Cebreiro (28,5 km)

Eu, o Zé e o Carlos estávamos caminhando quando o Filipe e o Carlo nos encontraram. Ainda estava escuro quando saímos.

Hoje despachei a bicicleta e a mochila para o Cebreiro e subi apenas com a mochila pequena. Como eu esperava algo muito pior, de tanto que as pessoas comentam, até que não achei a subida tão difícil. É claro que foi puxado, mas sem a mochila e a bicicleta foi bem mais fácil. Foram 28 km morro acima.

Em dado momento cruzei com o Geraldo (argentino), aquele que está fazendo um livro com fotos do Caminho, que estava num barzinho.

Choveu o tempo todo e no início da subida começou aquele monte de pedra e lama. Na metade do caminho começou um nevoeiro tão cerrado que não se enxergava nada.

Quando eu cheguei ao Cebreiro fazia tanto frio, o vento era tão gelado e eu estava tão molhada de chuva, que parecia que a alma estava gelada. Eu não tinha uma parte sequer do meu corpo seca.

Encontrei o Zé assim que cheguei, no meio da bruma e só o reconheci por causa do chapéu, tamanho era o nevoeiro. Fomos procurar o albergue e chegando lá, estava tudo fechado, em reforma.

Ao lado tinha uns contêineres e eu perguntei a uma senhora aonde era o albergue, quando ela me respondeu que era dentro dos mesmos. Lá vamos nós para mais um contêiner. Chegando lá encontramos o Filipe e o Carlo que já haviam tomado banho e estavam descansando. Fomos procurar a hospitaleira, uma brasileira simpática chamada Angélica, mas ela não estava. Resultado, tivemos que esperar no frio cortante. Aos poucos chegaram Carlos e Valério e nisso a outra hospitaleira, uma espanhola estúpida nos atendeu. Eu perguntei a respeito da bicicleta e ela me disse que estava num hostal e que eu não poderia entrar até às 18h por causa da bike. Eram 15h. Fiquei enfurecida e saí do contêiner onde fica o escritório, mas o Zé ainda tentou argumentar que eu havia ido a pé. Fui procurar a bike pelo pueblo e realmente a encontrei no hostal, encostada, com a mochila amarrada no bagageiro e intocada. Isso é realmente impressionante. O Zé me acompanhou e eu fui procurar um lugar para ficar. Os 3 hostais estavam lotados e nisso encontramos o Paulo e o Marcos chegando. Dissemos para eles correrem, pois o albergue estava lotando, mas que havíamos guardado camas para eles.

Eles nos acompanharam e mais uma vez tentaram argumentar para eu ficar. A hospitaleira mais uma vez negou, irredutível e eu já estava ficando esgotada. Estava toda molhada, com as roupas e os tênis encharcados, tremendo de frio e eu perguntei o que eu deveria fazer já que estava tudo lotado. Ela me respondeu que eu deveria seguir para o próximo pueblo. Aí realmente eu tive vontade de chorar. Depois de 7h caminhando embaixo de chuva e frio, ouvir isso...

Nisso, o Marcus que já havia me dado um casaco dele para me esquentar, pois o meu estava molhado, se ofereceu para dar o seu lugar e seguir mais 5,5km até o próximo pueblo. Tentei demovê-lo da ideia, já que fazia muito frio, tinha um nevoeiro muito denso e uma chuva fina e gelada, mas ele não aceitou. Me deu um abraço bem forte, um beijo e eu caí em prantos. Me olhou fundo nos olhos, disse para eu tomar um banho e dormir na cama quentinha e seguiu viagem. Eu ainda demorei um tempo para me restabelecer. Estava muito mexida com tamanha gentileza, cuidado e carinho. Hoje meu brinde durante o almoço (todos os dias brindamos por alguma coisa importante daquele dia) foi em homenagem aos meus amigos do caminho. Eu, o Zé e o Paulo fomos almoçar e em pouco tempo a nossa mesa contava com as presenças do Valério, Filipe (português), Carlo (italiano), Carlos, Geraldo (argentino), Sílvio (outro brasileiro), um sueco e o Stefano (italiano). Rimos para caramba, comemos e bebemos.

Fiquei muito impactada com a atitude do Marcus. Eu não estou acostumada a ser mimada, cuidada e por isso essas atitudes mexem tanto comigo.

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