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Porto

Saindo de Madrid, com a alma em festa, estaria em poucas horas aportando na cidade do Porto – Portugal, onde moraria por três meses.

Fui muito bem acolhida no aeroporto pelo meu namorado, que fez uma recepção digna de filme. Foi um reencontro muito bonito e emocionado, numa época em que as relações eram puras e carregadas de expectativa, planos e sonhos. Pausa para a nostalgia...

Com ele estava a dona da loja aonde ele trabalhava chamada “dona” Ana, uma senhora simpaticíssima, carinhosa, que me tratou como se me conhecesse há anos. Saímos do aeroporto diretamente para o bairro da Ribeira, a pedido dela, que disse que tinha uma surpresa. Começava a me familiarizar com a minha nova cidade e já estava me apaixonando por toda a história que ela carrega.

Na Ribeira, a parte antiga da cidade é toda visível e o bairro fica situado junto ao Rio Douro. É formado por ruas estreitas, casas típicas estilo sobrado, com os varais de roupas pendurados para fora das janelas, fachadas coloridas num local que ainda preserva os encantos antigos, nos remete a épocas passadas, carregadas de história. Esse local é efervescente à noite, com restaurantes, bares e casas noturnas.

Ela nos levou a uma ourivesaria e pediu para tirarmos a medida dos dedos anulares, pois nos daria a nossa aliança de noivado. Eu ri de toda a história, mas confesso que estava adorando.

Depois pensando no assunto, cheguei à conclusão que ela fez isso como forma de aplacar seu incômodo de ver dois jovens morando juntos sem serem casados. É como se ela estivesse compactuando com algo que em Portugal, pelo menos naquela época, não era bem visto. Até porque, ela tinha duas filhas mais ou menos com a nossa idade. Não seria um bom exemplo para elas, a sua anuência em relação ao assunto. O fato de sermos “noivos”, a deixava mais em paz com a sua consciência.

Bom, eu desembarquei solteira no Porto e em menos de uma hora já estava noiva, sem que tivesse sido avisada anteriormente. De verdade, adorei a atitude dela, afinal tudo o que eu queria era estar junto daquele que me fez atravessar o Atlântico para ir ao seu encontro, com todos os problemas que havia me causado.

Após o “noivado”, seguimos para a loja que ficava na Rotunda da Boavista, centro da cidade e se chamava AnaFred, a junção dos nomes dos donos. Lá, na loja de lingerie, ele trabalhava como caixa e eu seria a mais nova balconista/atendente. Fui apresentada a todas as funcionárias, que foram muitíssimo receptivas e à filha mais velha, Cristiana e ao “seu” Alfredo, um doce de criatura, por quem me apaixonei no mesmo instante. Acho que é porque ele me lembrava meu pai, baixinho, cabelo branco, brincalhão, alto-astral. Nunca vou me esquecer do abraço que ele me deu, como se eu fosse da família. Me senti tão bem recebida nessa família e na loja, que já antevia que seriam três meses maravilhosos, como realmente foram.

Cheguei numa época frenética para a loja. Era final do ano, mais precisamente, dia 30/dezembro e as vendas aumentavam bastante. Todos estavam trabalhando muito e eu me limitei a ficar olhando o movimento, ao lado do caixa, para começar a entender o negócio.

Meu namorado era muito bem quisto por todos, que também o tratavam como filho e por isso meu caminho já estava aberto quando cheguei. Na hora do almoço fomos almoçar com dona Ana, seu Alfredo e a Cris numa churrascaria aonde meu namorado havia trabalhado como garçom e onde conheceu os dois e foi convidado por eles para trabalhar na loja. Já começava a sentir como as coisas seriam diferentes, pois meu almoço foi regado a muito azeite, vinho e um excelente bacalhau. Beber na hora do almoço e depois voltar para trabalhar, eu já achei engraçado, mas bebemos uma garrafa felizes da vida e conversamos muito para nos conhecer.

Após o almoço, eles nos liberaram para irmos embora, pois eu tinha acabado de chegar de viagem e precisava me instalar. Nos deram uma carona até a minha nova casa, um quarto alugado num apartamento amplo de 4 quartos, cuja dona era uma portuguesa “esquentada”, mas muito boa gente, chamada “dona” Maria do Carmo.

Me instalei no quarto que meu namorado já ocupava, desfiz as malas e saímos para começar a conhecer essa cidade tão especial e instigante.

Vista aérea da Ribeira

Ponte D. Luis e Ribeira

Rotunda da Boavista

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